segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Alegria

Crianças. Banho frio. Cheiro de praia. Abraço da Luh. Acordar cedo no carnaval. Irmandade da Pam. "Tocar" violão. Gargalhada da Biba. Fotografia velha. Confidências do Digo. Passarinho no ninho. Confiança da Naninha. Pão-de-Açúcar e Corcovado vistos da "saída da Ilha". Lembranças da Leka. Dormir no sofá. Pintinha no nariz. Companhia do Nando. Subir a rampa do Maracanã e, aos poucos, ver o campo surgindo na minha frente, com o canto da torcida cada vez mais próximo. Agitação do Flávio. Sabiá cantando. Sorvete no Fundão. Copo d'água de madrugada. Mamonas Assassimas. Sonhar com ela. Receber carta. Família do IFCS. Família do MCP. União da minha família. Minha mãe por si só. Céu estrelado. Chuteira nova. Viajar de van. Fazer os outros rirem. Cantar e dançar sozinho. Fazer gol. Velhinhos simpáticos. Encontrar inspiração, mesmo que só por alguns segundos. Achar forma nas nuvens. Avião decolando. "10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1... Feliz Ano-Novo!" Mousse de Maracujá. Cheiro de roupa nova. Mate gelado feito em casa. Surpresa. Guerrinha de papel molhado. Implicar com quem gosto. Aves voando em "V". Torcida do Flamengo. Ela de óculos. Ela sem óculos. Receber SMS (sem ser da companhia telefônica! hehe) Sorriso do Pirralhinho. Receber elogio. Fogueira. Biscoito recheado durante o intervalo do jogo. Apelido carinhoso. Tomar café-com-leite na minha varanda vendo o Dedo de Deus. Banho ouvindo música. Gatos brincando. Olhar nos olhos. Vento no rosto. Cheiro de chuva. Ela. Tenho todas essas coisas ao meu alcance (só falta uma), por isso sou feliz! Muitos não dão importância às coisas mais simples, entretanto, se o meu dia tiver ao menos uma das coisas da lista, já terá valido a pena.

sábado, 26 de setembro de 2009

Descobrir-se

Quem está acostumado a ler o que escrevo sabe que eu tenho um estilo - se é que assim posso chamar - um tanto quanto "literário", sempre "criando" situações, histórias a serem contadas, com a finalidade de expressar meus pensamentos. Contudo, não nego que sou fã do estilo no qual o autor diz tudo o que pensa sem precisar de personagens, situações, etc, apesar de não me ver capaz de escrever algo desta forma. Por isso, desde já peço desculpas, tendo em vista que este é um texto que não se enquadra no padrão de escrita que estou mais familiarizado, logo, mais propenso à baixa qualidade. Mas vamos ao que interessa (ou não). Às vezes, quando estou inquieto, escolho um de meus livros, o abro em uma página qualquer e leio a primeira frase na qual meus olhos batem. Hoje, segui o "ritual" e Luis Fernando Veríssimo não poderia ter me dito uma frase melhor que essa: "Um homem só se conhece em duas situações: quando está sob a ameaça de uma arma ou quando quer conquistar uma mulher". Faz sentido. É quando o homem está diante de uma possibilidade de tragédia que ele age com sua própria essência, levando-o a um lampejo de coragem, a se revoltar ou, quem sabe, se acovardar. É quando um homem quer conquistar uma mulher que ele pode descobrir ser daqueles que só quer conquistá-la para aumentar sua lista, para massagear seu ego, e se percebe capaz de usar artifícios a seu favor, a fim de esconder quem realmente é. Mas, por outro lado, também é tentando conquistar uma mulher que um homem age muito sem pensar, no impulso, e isso pode revelar algumas de suas características, como a alta capacidade de falar bobagens na frente dela, a vergonha, talvez a criatividade e, se o que ele sente for algo verdadeiro, com certeza ele se pegará dando o melhor de si, apesar de algumas de suas atitudes serem taxadas como loucura. Ele descobrirá que sente-se só quando está longe dela, porém estar perto da mesma não aliviará sua solidão, pois ela ainda estará distante, até que seja conquistada. Descobrirá que coisas simples o deixam feliz, como um olhar, uma palavra qualquer, um jeito de andar, um sorriso e até mesmo uma pintinha na ponta do nariz. Só que, ao mesmo tempo, perceberá que diante dela é tão vulnerável quanto diante de um revólver; talvez se revele assustado e se julgue incapaz. O certo é que, mesmo que sem intenção, o homem reflete seu verdadeiro ser em suas ações diante das situações de risco (e aqui englobo estar sob a mira de uma arma e tentar conquistar uma mulher), por mais que descubra algo que não o agrade e que ele lute contra. Falo com a autoridade de quem viu um tiro entrar em sua sala após quebrar a janela, e de quem, da forma mais sincera, tem a esperança de um dia conquistar a dona da pintinha no nariz.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Tlacotli

A antiga civilização Asteca tinha, entre outros costumes, o da realização de sacrifícios de homens para seus deuses. Aquele que ia ser sacrificado era, por exemplo, apoiado de costas em uma pedra arredondada em cima, de modo que seus membros e sua cabeça ficassem para baixo e sua barriga voltada para o céu. Cinco sacerdotes se encarregavam de segurar o homem que seria sacrificado: quatro para os membros e um para a cabeça. Um sexto era responsável por abrir com uma faca o abdome da vítima, mas sem matá-la. Essa abertura serviria para que uma mão fosse enfiada e retirasse o coração, ainda pulsando, para oferecer ao deus. Estava em seu carro, ao volante, esperando o sinal abrir quando notou que era exatamente assim que se sentia: um sacrifício asteca. Percebeu que já não era mais o dono de seu coração. Era como se já não o tivesse em seu peito, porém sabia exatamente na mão de quem ele batia. E isso o atordoava. O sinal abriu e ele aumentou o volume do rádio para ver se esquecia os pensamentos, enquanto acelerava. Chegou em casa e, enquanto tomava banho, concluiu que não queria seu coração de volta, mas impacientou-se por estar pensando novamente neste assunto. Já de banho tomado, foi até a cozinha, esquentou a janta e colocou seu prato, enquanto pensava naquela que tinha seu coração na mão e nem imaginava. Só voltou à realidade quando sentiu o cheiro de queimado vindo da panela de arroz. Irritado consigo mesmo, apagou o fogo e foi para a sala, a fim de comer vendo televisão. Só que a primeira imagem que apareceu na TV o fez lembrar dela novamente. Foi quando ele percebeu que realmente não queria seu coração de volta, apenas queria estar perto de sua nova dona e, quem sabe um dia, ela pudesse vir a descobrir o que tem nas mãos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Menino homem

"O tempo é implacável."
Foi essa frase que ouviu do avô algum tempo atrás. E hoje percebe a profundidade dela.
Passou o tempo em que as preocupações se resumiam a trabalhinhos da escola, descobrir como passar de fase no video-game, achar a melhor formação tática para o time de botão ou saber se poderia dormir na casa do tio no fim de semana. As preocupações hoje são mais sérias (note que eu digo "mais sérias" e não "mais difíceis", já que a dificuldade era bem grande!).
Talvez ele possa se comparar ao comandante de um exército. Tem missões para cumprir e, para isso, conta com a ajuda de seu exército de amigos e familiares. Este seu exército teve algumas baixas durante o percurso, seja por impossibilidade ou por desistência, mas a verdade é que teve admissões suficientes para "completar o time". Assim como alguns soldados o decepcionaram, sabe que também decepcionou outros, entretanto são questões que ficam para trás, ou pelo menos ficarão até serem resolvidas. Mas, voltando às missões (ou preocupações), hoje ele tem que lidar com dinheiro, estudos, trabalho, sentimentos, etc.
Talvez, para ele, dos destacados, o mais complicado seja o último: sentimentos. Mas, para quem derrotou Robotnik e tirou conceitos máximos no primário, lidar com a raiva, a revolta, a alegria, a tristeza deve ser moleza, né? Pois é, só que o que o aflige é outro sentimento.
Observe: ele passou horas e horas de sua infância jogando botão sozinho em seu quarto; era, como ele próprio chamava, o treinamento. Foi difícil demais, mas ele adorava. Sofreu derrotas e mais derrotas nos campeonatos para o tio (normal de se esperar), para os primos e demais participantes. Mas não abaixou a cabeça diante disso. Continuava jogando sozinho em casa, a fim de melhorar. Até "titulares x reservas" ele fazia. Foi quando descobriu o 3-5-2, sistema tático que ele usou para dar mais equilíbrio nas partidas dos campeonatos. E funcionou: ele conseguiu ser campeão em dois dos oito campeonatos "oficiais" que disputaram. E há quem diga que criança não tem preocupações! Mas essa ele venceu.
Agora, lembra-se do sentimento que eu falei que o afligia? Pois então, para ele não há treinamentos, não há "titulares x reservas", não há esquema tático que resolvam. Ele simplesmente chega e pronto. E, acredite, não há 3-5-2 que facilite. Apesar da dificuldade de ser campeão de botão ter sido enorme, ela não se compara à dificuldade de ter inspiração.
Não deixou de ser menino, mas tornou-se homem. Um homem com jeitão de criança, que raras vezes deixa transparecer suas preocupações. Um menino (ou seria homem?) com saudades dos campeonatos de botão. Um homem (ou seria menino?) em busca de inspiração.

domingo, 20 de setembro de 2009

Desabafo

Uma família se prepara para receber visitas num dia de domingo. Os filhos varrem a casa e passam pano nos móveis enquanto a mãe se encarrega do almoço. Lá pelas tantas, o almoço já está quase pronto e a mãe vai até o quarto dos filhos para ver se está tudo arrumado. Enquanto isso, o filho mais velho passa pano no último móvel que faltava na sala, empolgado com a música dos Mamonas Assassinas que ele tinha posto no rádio. A filha, por sua vez, tendo acabado de varrer as escadas que dão acesso ao apartamento, fala com o namorado pelo celular, na cozinha. É quando eles ouvem o primeiro barulho. Ao mesmo tempo, mesmo que em locais diferentes, os três voltam a atenção para a rua. Nisso, mais barulhos são ouvidos e a dúvida, agora, tornou-se certeza: era um tiroteio. Muitos e muitos tiros na rua do prédio. A mãe grita do quarto para que os filhos se abaixem e vão até a área para se protegerem. Então, o filho, na sala, ouve barulho de vidro quebrando e vê os pequenos estilhaços no chão. A irmã aparece na porta que liga a cozinha à sala e os dois correm abaixados para a área. Do outro lado da casa, a mãe corre para o banheiro para se esconder. A família se comunica por gritos. - Crianças! Abaixa e corre pra área! - Já estamos aqui! - responde a filha mais nova. - Tá tudo bem aí? - pergunta o filho. - Tá! Os tiros não cessam por mais alguns segundos. Até que param. A mãe vem ao encontro dos filhos na área e os vizinhos de trás avisam à família que a polícia já estava ciente. Alguns minutos mais tarde, a família está na frente do prédio com os vizinhos, vendo um carro abandonado atravessado na pista e a polícia, sem nada poder fazer. Ouve-se que foi uma tentativa de seqüestro, com troca de tiros entre os seqüestradores e os seguranças do que seria sequestrado. A família sobe para casa e vê o resultado: uma bala entrou pelo vidro da janela da sala e alojou-se na parede, outra bateu na armação da janela do quarto das crianças e quebrou o vidro. A sala, antes varrida, limpinha, encontrava-se agora com cacos de vidro por todo o chão. O almoço, que estava no fogo, quase pronto, queimou. O filho mais velho aproveitou a distração da mãe e da irmã e foi para o quarto inconformado, na tentativa de se isolar. Duas lágrimas desceram por seu rosto. Uma de revolta, indignação. Outra de agradecimento à Deus, pois algo muito sério esteve próximo de acontecer com sua família. Sem ação, ele não sabe o que falar, o que pensar, está inconformado. Não entende o mundo, as coisas como são. Não faz sentido!! Se bem que, um lugar no qual acontecem coisas assim, não possui o direito de ser chamado de mundo.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Amor pré-histórico

Há milhares de anos atrás, viveu um homem das cavernas. Na verdade, muitos deles, mas nenhum que se encaixasse tão bem nesta descrição quanto o protagonista desta história. Enquanto os outros passavam o dia envolvidos em suas atividades (note que não existia TV e muito menos internet!), este, em particular, ficava sozinho na caverna. E não se tratava de ser rejeitado pelos demais, os quais sempre o estavam chamando para fazer algo, mas sim de uma opção própria: ele acabava por passar o dia analisando os desenhos que os outros fizeram nas paredes, na noite anterior. Também não se tratava de não gostar da companhia dos outros, pelo contrário, ele sempre adorou estar com seus companheiros. Só que, nos últimos tempos, nada durante o dia fazia sentido para ele. Nem caçar, nem pescar, nem nada mais. Isso porque ela não estava lá durante o dia. Porém, à noite era diferente. Se para os outros a noite era apenas um período em que tudo estava escuro e que só servia para descansar, para o nosso protagonista a noite era o momento em que tudo fazia sentido, pois ela vinha ao seu encontro, fazendo tudo ficar claro para ele. E nada mais ele queria, só a Lua. Seria capaz de ficar o dia todo admirando a beleza, a simplicidade e a tranquilidade dela, entretanto, tinha apenas a noite para isso. Sem contar as noites que ele não conseguia encontrá-la: eram noites torturantes, nas quais ele vagava sem destino, sempre procurando por ela, sem se importar se chovia ou se o frio aumentava, até a hora de voltar para a caverna. Diz a lenda que esta foi a primeira vez que um homem se apaixonou e que, a partir daí, tendo ele dividido seus sentimentos com os outros, todos estariam sujeitos (ou até destinados) a isso. Só que a lenda não explica uma coisa: como pode um homem se apaixonar pela Lua, algo tão diferente e tão distante dele? Acredito que ninguém dê uma resposta convincente. Mas, lembrar-lhes-ei que hoje o homem já consegue chegar à Lua.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Era uma vez...

"E viveram felizes para sempre!" Essa frase deixa milhões de crianças conformadas e contentes a cada fim de história que elas ouvem. Porém, quando se chega a uma certa idade, percebe-se que, na vida, o "feliz para sempre" é algo muito distante e até enfadonho. Mas como podem os contos de fadas terminarem com o "felizes para sempre"? É simples. Os contos de fada não terminam no "felizes para sempre", apenas é conveniente para os adultos que nós só tenhamos contato com uma parte da história. Se você for criança, pare de ler agora, ou então próximos parágrafos podem abrir seus olhos para uma verdade que você não está pronto para saber e seus pais gastaram rios de dinheiro com psicólogos. E, caso você já seja crescido, se for inseguro também é melhor que pare agora. Digo isso porque eu quase me suicidei quando pesquisei e achei as respostas abaixo. Depois não vai dizer que eu não avisei! Cinderela e o Príncipe Encantado, como é de nosso conhecimento, casaram-se e, anos depois, tornaram-se rei e rainha, conhecidos pelos bons corações e senso de justiça que tinham. Mas essa fama durou pouco tempo. Príncipe Encantado, que nos livros só é chamado assim, mas cujo nome verdadeiro é Warley Cândido Coutinho (agora faz sentido ele preferir ser conhecido por Príncipe Encantado), foi acusado de matar seu próprio pai, na época o rei, para tomar o poder. Foi deposto e preso, apesar de jurar que não havia feito nada. Depois de julgado, foi condenado à forca. Warley deixou Cinderela viúva, sozinha para criar os dois filhos que tiveram: Warleyzinho e Madra (homenagem à Fada Madrinha - chamada pelo diminutivo por ter apenas 1,45m). Uma semana após a morte de Warley, foram encontradas evidências de que ele não tinha sido o assassino, mas sim sua esposa, Cinderela. Ela confessou o crime e tentou justificar dizendo que o rei havia pedido que ela o ajudasse a limpar o assento do trono que estava cheio de farelo de biscoito, o que trouxe à tona alguns traumas de infância que ela guardava. Cinderela foi decaptada, as duas crianças foram levadas para orfanatos distintos e nunca mais se viram. Há rumores de que Madra herdou os cabelos loiros da mãe e participou do último concurso da loira do Tchan, mas isso não foi confirmado. O caso de Branca de Neve me pareceu um pouco menos grave. Após descobrir, na noite de núpcias, que o apelido de infância do Príncipe era Warleyzinho, Branca de Neve ficou com medo de ele ter herdado os dons psicopatas de sua mãe loira (que não era a Verônica Costa!) e o deixou. Sem saber para onde ir, foi atrás do Caçador. Encontrou-o morando com uma menina muito mais nova que ele, a qual estava vestida com um capuz vermelho desbotado, em uma casa que chamou atenção por ter uma cabeça de lobo empalhada pendurada na parede. Após comer os doces que o Caçador lhe ofereceu, de uma cesta de pic-nic na mesa da sala, o mesmo lhe contou que seu pai não tinha morrido e sim fugido para um país chamado Brasil (que coisa, não?). Branca de Neve resolve, então, ir em busca de seu pai. Mas aqueles doces eram tão gostosos que ela começou a ter uma compulsão por açúcar. Os anos foram se passando e a apreensão de não encontrar seu pai fazia Branca de Neve comer cada vez mais, de forma que ela engordou 53 quilos. Como estava no Brasil, mais precisamente na Bahia, ela pegou muito sol e resolveu mudar seu nome para Preta, já que não agüentava mais ouvir as pessoas falando que o Prof. Black ia matá-la com o castiçal no salão de jogos. A persistência e a fé de Branc... ou melhor, de Preta, fizeram com que ela encontrasse seu pai, ao descobrir que ele havia sido Ministro da Cultura. Quando se encontraram, os dois deram "aquele abraço". Mas eu não poderia deixar de falar, mesmo que brevemente, sobre os sete anões! Soneca faleceu alguns meses depois que Branca (ou Preta) veio para o Brasil e hoje dorme eternamente; Feliz escreveu um livro de auto-ajuda, contando suas experiências e como não tirava o sorriso da cara, mesmo diante da maior das adversidades; Mestre fez participação num quadro da Praça é Nossa e ficou conhecido pelo jargão "Uáála!"; Dengoso assumiu sua opção sexual e organizou paradas gays por todo o mundo; Zangado desligou o telefone na minha cara quando eu tentei fazer contato, por isso não tenho notícias; Dunga foi preso após ser encontrado com entorpecentes; e Atchim estava internado com suspeita de gripe suína. Minhas pesquisas continuam e vou agora em busca do que aconteceu com Bambi (já posso adiantar que foi visto na região do Morumbi levando Tambor nas costas), Pinóquio (dizem que casou com a Fada Azul e ela adorava quando ele falava umas mentiras) e Fera (parece que criou um blog e vive escrevendo besteiras sobre seus antigos colegas de trabalho).

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A realidade antes do sonho

O silêncio tomava conta de toda a casa, a não ser pelos passos que ele dava para ir do quarto à cozinha, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Já era madrugada e ele não conseguia dormir. Havia ficado rolando na cama por um longo tempo, agoniado, sem saber o motivo, até resolver levantar. Chegou à cozinha e abriu a porta, fazendo um certo barulho. Parou por um ou dois segundos, meio que instintivamente, torcendo para não ter acordado ninguém. Mas acordou. O gato deu um longo miado, como que reclamando do barulho. O rapaz fechou a porta e cochichou enquanto acendia a luz: - Fica quieto, gato! Abriu a geladeira, olhou de cima a baixo e fechou novamente. Não queria nada na cozinha, estava lá apenas para não ficar rolando na cama. Apoiou-se na pia, pensando. O gato levantou, se espreguiçou e pulou na pia miando, desta vez mais baixo. - É, gato... O que está acontecendo comigo? - abriu a torneira da pia, de modo a deixar apenas um "filete" de água escorrendo. Sabia que o gato gostava de beber água assim e, imediatamente, o bichano o fez. - Não consigo dormir de jeito nenhum! Estou com aquela sensação de estar faltando alguma coisa, sabe? - olhou para o gato - Mas é claro que não sabe! Você é um gato! E eu sou um louco falando com um gato de madrugada! Fechou a torneira, botou o gato na cama e saiu. Foi para o banheiro, tomando cuidado com o barulho dos passos ao passar próximo dos quartos. Lá, abriu a torneira, encheu as mãos de água e jogou no rosto, deixando escorrer por alguns segundos, até pegar a toalha e se enxugar. Antes de sair, se olhou no espelho por um longo tempo. Voltou ao quarto, deitou-se, rolou por mais alguns minutos. Tentou botar a culpa de sua "insônia" no calor que sentia, ligando o ventilador. Mas de nada adiantou. Sentou-se na cama. "Meu Deus! Por que eu não consigo dormir?!" - pensou, e mais rápido do que ele imaginava, a resposta tomou conta de sua cabeça. Ele sorriu e, jogando o corpo para trás, deitou novamente, dizendo baixinho: - Agora até pra dormir eu preciso de inspiração! Agradecimento: à amiga Ana Paula, pelas conversas que deram origem à idéia para o texto. Dedicado à minha inspiração! hahaha