domingo, 28 de fevereiro de 2010

Universo paralelo

Os dois astros estiveram juntos durante muito tempo. Ela, uma estrela. Ele, um meteoro.
Não importava como, mas tudo era perfeitamente bom quando estavam juntos.
Ele sempre esteve ao lado dela, desde os tempos em que ela brilhava para guiar navegadores em busca do Novo Mundo, até quando o brilho dela era apenas para tornar mais belas as noites de uma pessoa que a via em telescópio moderno. Sempre.
Até que um dia, o brilho da estrela deixou de ser tão intenso. E nem isso foi suficiente para que o pequeno meteoro saísse do seu lado.
Entretanto, a estrela foi tornando-se mais fraca, gradualmente, até que um dia, enfim, ela deixou de brilhar.
O meteoro sentiu-se perdido. Inconformado, pôs-se a correr pela grandeza infinita do universo, na maior velocidade que podia, como se isso fosse diminuir a dor que sentia. Mas não adiantou e, por isso, o astro deixou-se cair, atingindo a atmosfera terrestre.
Lá embaixo, um casal de namorados observava o céu, apenas aproveitando o momento que tinham juntos.
- Olha, amor! Uma estrela cadente! - disse a moça.
- Feche os olhos e faça um pedido, querida.
Os dois fecharam seus olhos, fizeram seus pedidos e depois beijaram-se longamente, sem saber a verdadeira história por trás daquela bela estrela cadente. Isso não importava.
Afinal, não importa como, mas tudo é perfeitamente bom quando um casal de apaixonados está junto.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Mas é Carnaval...

O bloco passava animado, carregando atrás de si os inúmeros super-heróis, havaianas, bate-bolas, pierrots, arlequins e colombinas. Eram pessoas de todas as idades, desde crianças jogando serpentinas e espumas para o alto, até adultos cantando e dançando por toda a rua. As marchinhas e sambas antigos embalavam os casais de namorados e, também, os recém formados. Entretanto, ela encontrava-se sozinha. Não literalmente, já que estava rodeada por alguns amigos e inúmeros desconhecidos. Mesmo assim, sentia-se a deriva em um mar de gente. Deixava-se levar por esta maré, procurando encontrar em cada um dos rostos que passavam as feições daquele que a fazia sentir-se tão só naquele momento. Sabia que era em vão, uma vez que ele estava a quilômetros de distância. Foi quando ouviu o puxador do bloco cantar: -Diga, espelho meu, se há na avenida alguém mais feliz que eu! Sorriu ao pensar na resposta e resolveu que dali pra frente não deixaria que ela fosse tão clara para os outros. Mesmo que em seu íntimo estivesse abandonada em sentimentos aguntiantes, restava a doce foliã pular e curtir o carnaval, esperando a chegada da quarta-feira de cizas, quando todos voltariam ao mundo real e ela iria em busca do seu próprio carnaval.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Se a carapuça serviu

É impressionante como as pessoas são capazes de dizer coisas "da boca pra fora", a fim de se mostrar de uma forma que elas não são para os seus "seguidores" de twitter, de orkut, enfim, dessas ferramentas tecnológicas que nos colocam em contato com pessoas que não nos conhecem de verdade. Só se esquecem que os seus seguidores de verdade são aqueles que sabem e conhecem bem quem eles são e sempre foram. Não preciso ficar escrevendo frases de efeito moral por aí para que os outros leiam e pensem que eu sou alguém com princípios e uma maneira de pensar diferenciada. Não... Pois os meus seguidores, e nesse caso não uso aspas, uma vez que falo de amigos e familiares que sempre estão comigo, esses me conhecem de verdade e sabem como eu penso, como eu ajo, como eu sou eu mesmo. E o melhor de tudo, apesar de me conhecerem e muitas vezes discordarem de mim, estão sempre ao meu lado. Como eu sempre estive ao teu lado, apesar de saber como és. Só que você muito me machucou e continua machucando com seus atos e palavras. Sim, as pessoas têm valores muito diferentes umas das outras e foi isso que me fez tomar a decisão de me afastar de ti, pelo menos até que você venha conversar comigo. Hoje, estarei em falta com muitos amigos que amo, esperando que eles, ao contrário do que tu fizeste, estejam abertas para me ouvir e me entendam. Porque família é sim a coisa mais importante na vida de qualquer pessoa. É sim a base. O alicerce. E é você quem parece não entender isso. Mas certas coisas já não me surpreendem mais.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Solução precipitada

Ela estava em pé na beirada da ponte, olhando para o rio que corria em grande velocidade, muitos metros abaixo. Sentiu um frio na barriga, mas não desistiria agora que já estava ali. Alguns dias atrás ela havia decidido que faria isso. Acreditava ser a única maneira de parar de pensar nele, uma vez que ele tomava conta de todos os seus pensamentos, a toda hora, por motivos bons, por motivos ruins, enfim, sempre. Não contou a ninguém onde estaria; precisava estar sem ninguém conhecido por perto para ter coragem. Já havia tomado a sua decisão e nada a faria mudar de idéia. Foi então que sentiu seu celular vibrar no bolso. Pegando-o no bolso com a mão direita, desviou sua atenção do rio para a tela do celular. *Mensagem de Charles* Ela sorriu, pensando que nem mesmo as palavras loucas de seu irmão a impediriam naquele momento. E, sem nem mesmo ler a mensagem, apoiou o celular na beirada da ponte, pôs-se de pé, respirou fundo e atirou-se em direção ao rio. Sentiu o vento batendo contra seu corpo, entretanto, não precisou de mais do que dois segundos para perceber que sua tentativa havia sido frustrada: até mesmo enquanto caía ela pensava nele. E isso a deixou ainda mais revoltada. Não era possível! O rio lá embaixo cada vez mais perto e ela ainda pensava nele! "Acho que é mais forte do que eu", pensou, fechando os olhos para não ver o rio, já bastante próximo. Foi nesse momento que sentiu um puxão em seus pés, fazendo com que o rio, que a poucos instantes se aproximava, começasse a se afastar. Ela subiu, como se estivesse voando, para depois tornar a cair, sempre pensando nele. Minutos depois, já na ponte novamente, ela pegou o celular que havia deixado para trás e finalmente leu a mensagem que havia recebido do irmão: Cadê vc? Preciso de conselhos! Sabes do que se trata... Estou a ponto de me jogar de uma ponte! Ela sorriu, sem acreditar na coincidência. Respondeu para ele: To aqui! E pular de uma ponte não resolverá seu problema! Acredite nas palavras de quem acabou de saltar de bungee jump, maninho!