sexta-feira, 22 de novembro de 2013

No meu tempo...

No meu tempo, eu achava exagerado quem usava a expressão "no meu tempo"...
No meu tempo, falar "no meu tempo" era uma tentativa de enaltecer o passado. Hoje, parece ter o objetivo de ridicularizar o presente. 
Sim, essa ridicularização acontecia também no meu tempo, só que, lá, quem dizia "no meu tempo" na tentativa de ridicularizar o então presente, não levava em consideração que o mesmo seria enaltecido por meus coetâneos, os quais, aos poucos, começariam a sentir (talvez por uma imposição cultural ou social) a vontade de fazer uso da sentença "no meu tempo" (que, "trocadilhando", quase condena o tempo presente, tendo o pretérito como promotor deste metafórico julgamento).
Tornei-me - precocemente, confesso - mais um nomeutempista. E prefiro acreditar que, quando desempenhada da forma correta, esta não seja uma classificação negativa.
Pois o que preocupa de verdade, mais do que reclamar (e isso eu faço como ninguém) do tempo em que vivemos, é a possível falta de argumento dos nomeutempistas do futuro.
Pense nisso! Se você já é nomeutempista, traga as coisas boas que viveu no ontem para o hoje. Talvez seja essa a principal função dos nomeutempistas e ainda não foi descoberta pela maioria. Se você ainda não é nomeutempista, viva o hoje de maneira a ter boas lembranças, das quais terá prazer de falar, contar e, com elas, ajudar a construir o futuro presente que viveremos.
O grande paradoxo é ser nomeutempista em busca da extinção dos nomeutempistas, em busca de um tempo, por enquanto utópico (e utópico eu também sou bastante), no qual passado, presente e futuro serão tempos de todos.
No meu tempo, nós podíamos mudar o mundo. Espero a chegada do dia em que ouviremos "No meu tempo, nós mudamos o mundo".